Por Edson Perin

9 de setembro de 2015 - A Pontocom Services é uma prestadora de serviços de armazenagem e gerenciamento de estoques, que atende as necessidades logísticas de grandes clientes das áreas de Tecnologia da Informação (TI) e de tecnologia bancária. Em parceria com a Compway Informática, a empresa brasileira desenvolveu uma solução de identificação por radiofrequência (RFID) integrada com o Warehouse Management System (WMS), para administrar estoques de assistência técnica de seus clientes.

Walter Kiwi, diretor da Pontocom Services e professor universitário especializado em Logística, com trabalho de pós-graduação sobre o uso de RFID nesta área, explica que o primeiro projeto foi implantado no estoque central de peças de reposição de um grande cliente no Condomínio Techtown, em Hortolândia (SP) – o cliente não autorizou a divulgar sua marca. "Trata-se de um projeto de administração do estoque de peças de reposição", relata.

Peças passam pelo portal, para serem enviadas para as filiais do cliente, em Hortolândia (SP). O processo compreende conferência e baixa automática dos pedidos no sistema de gestão

A RFID facilitou as atividades de inventário, localização e conferência. "Hoje já estamos usando RFID para alguns itens e o plano é implantar no início do ano que vem para todos, inclusive os considerados críticos. Em 2016, estimamos utilizar 100.000 tags", calcula. "A RFID atendeu todas as nossas expectativas. Além de agilizar diversas atividades rotineiras no estoque, as tags permitem a implantação de outros serviços, como a rastreabilidade dos produtos".

Quando um equipamento de um cliente da empresa de Hortolândia apresenta defeito, um técnico é escalado para o atendimento, identifica a peça a ser trocada e dispara um pedido. Neste momento, entra em operação a área de logística. "O passo seguinte", diz Kiwi, "é abrir uma requisição desta peça em um dos estoques que administramos. Recebendo a requisição, temos tempo curto para a separação, conferência, embalagem e liberação da peça para a transportadora – normalmente, 20 minutos".

A RFID foi implantada no estoque central do cliente em Hortolândia, para agilizar o processo de reposição das peças para as filiais. "Durante o dia, recebemos solicitações de atendimento e encaminhamos para o setor de produção fazer o picking [coleta] destes itens. As mercadorias são separadas em escaninhos por filial. Depois, consolidamos os pedidos de uma determinada filial, passamos pela conferência por RFID e enviamos para o transporte".

São distribuídos mensalmente cerca de 30.000 itens para 15 filiais, afirma Kiwi. "A RFID auxilia nas etapas de conferência pós-separação e inventário. Na segunda fase da implantação, começaremos a controlar os itens que retornam de campo, as peças com defeito, onde existe um processo complexo de coleta de informações da peça retornada, que envolve o número serial, data de fabricação, país de origem etc. A RFID nesta etapa facilita a coleta e armazenamento destas informações, pois no processo convencional temos de abrir a caixa para fazer a leitura. Com a RFID, conseguiremos coletar as informações necessárias sem precisar abrir as embalagens".

A integração da solução de RFID com o ERP da empresa foi o ponto principal do projeto. "O portal RFID está integrado com o WMS da Pontocom que, por sua vez, se comunica com o sistema de gestão de estoques do cliente. Com isso, conseguimos reduzir diversas etapas operacionais", afirma Kiwi. O banco de dados foi hospedado no servidor da empresa de transportes Aerosoft, em São Paulo. O portal foi desenvolvido pela Compway e a integração com o WMS foi feita pelo time de TI da Pontocom.

Walter Kiwi, diretor da Pontocom Services

Antes da RFID, o processo de conferência do picking era feito manualmente, com uso intensivo de mão de obra e sujeito a erros, além de produzir inventários demorados. "Ganhamos no tempo do inventário", diz Kiwi. "Em locais onde o inventário tomava cerca de 4 horas de trabalho, atualmente [com RFID] conseguimos fazer em 10 ou 15 minutos. No atual momento, ainda não aumentamos a frequência de inventários, mas nada impede que seja feito [rotineiramente]".

Kiwi afirma que as empresas, tanto Pontocom e Compway como o cliente, se dedicaram bastante ao planejamento do projeto antes de iniciar a implantação, o que incluiu o levantamento dos processos internos de estoque, quais etapas a RFID poderia apresentar ganhos de produtividade, testes com diversos modelos de etiquetas UHF, testes de interferência que prejudicariam as leituras, testes de confiabilidade do processo e, por fim, a viabilidade econômica.

"Iniciamos o projeto em abril de 2014 e os primeiros testes com o portal e etiquetas ocorreram em meados de outubro", lembra Kiwi. O leitor manual escolhido foi o DOTH 300. O portal é composto por quatro antenas RFID UHF MTI e o leitor UHF Edge50, ambos da Acura Global. Uma impressoraZebra RFID modelo R110Xi4 produz a etiqueta com o código de barras e simultaneamente grava os dados na tag RFID. "Após diversos testes, optamos pela tag UHF Dogbone da Acura. Hoje estamos com aproximadamente 3.000 produtos cadastrados".

Antônio de Carvalho Junior, gerente de negócios da Acura, disse que "o leitor EDGE-50 possibilitou o desenvolvimento de um portal móvel de alta performance dando a versatilidade necessária para este projeto de destaque no controle de processos logísticos".

Os principais desafios do projeto, na opinião de Kiwi, foram a escolha da etiqueta, o dimensionamento do Portal RFID, realizado pela Compway, e a definição do padrão de codificação adotado nas tags para evitar erros nas leituras.

Diversas apresentações da solução RFID foram feitas para outros clientes do mesmo segmento, segundo Kiwi, que ficaram positivamente impressionados com a velocidade de realização do inventário, a rapidez na baixa dos produtos, a redução de etapas operacionais e a melhoria na precisão dos números.

"Um item de grande impacto nas apresentações é a possibilidade de localizar algum item armazenado em local errado ou diferente do planejado", destaca. "Não é um processo que se pode usar de forma constante, mas ajuda e muito quando existe um erro operacional. Pelo processo normal, este produto só seria encontrado no inventário anual".